Gilberto Queiroz
Papai era o tipo de homem que queria ver suas duas filhas (quando adultas), casadas, trabalhando e morando nas suas próprias casas. Ao terminar o Colegial, quis que eu fizesse um curso preparatório para professoras. E depois disso, queria que eu trabalhasse na escola do bairro. Não podendo desapontá-lo, o fiz. Agora eu sabia que trabalhando, poderia ser que me desse mais atenção. No entanto... Parecia que ele só me rejeitava, só falava comigo quando necessário e nunca tinha nada a perguntar, nem a dizer. Agora, quando suspeitara de minha conversa com mamãe, queria saber de algumas coisas:
- O que vocês estão conversando?
- Nada. – disse assustada.
Papai estava eufórico. Rezei para que não tivesse ouvido o que havia dito. Agora era esperar para que não comentasse. Que pena, não tenho sorte alguma.
- Quem é essa queridinha que você estava falando, Júlia?
- É uma colega do trabalho papai. Ela...
- Ela se chama Joana também?
- É.
- Pare de mentir para mim, Júlia!
- Mas papai eu não estou...
- Está sim. Eu ouvi muito bem quando você falou de sua irmã.
- Mas...
- Chega Júlia. Vá para o seu quarto e só saia de lá quando eu mandar!
- Está bem papai.
Eu bem sabia que, as palavras de meu pai valiam muito. Eram espinhos quando me tocavam bruscamente, mas nunca tinham sido as rosas perfumadas que só me apareciam nos sonhos. Eu aprendi, que por mais direito eu tivesse em ficar chateada, ele era o meu pai. E não mais deveria confrontá-lo. Eu bem quis bater a porta com força, assim como faz todo e bom adolescente, mas vi que deveria me portar com a melhor decência possível, agora que sou mulher! Consegui manter a decência, mas não a curiosidade. Sai da sala, porém continuei escutando a conversa de mamãe, papai e Joana.
- Chico, ela não estava falando da Joana. Ela só estava se referindo...
- Eu sei. Sei muito bem. Essa garota vive pegando no pé da irmã, parece até implicância. – Papai olhou para Joana e apontando para a porta a pediu que saísse. Eu quase fui pega, mas fui rápida e pude logo voltar a escutar.
- Rosa, você se lembra, não se lembra?
- De que Chico?
- Daquilo!
- Daquilo?!
- É daquilo! De você com o...
- Cale a boca! Cale essa sua boca suja. Você foi o grande culpado de tudo!
- Eu?! Eu o culpado? Foi você quem fez o que fez. Errou. Foi digamos um erro após o outro. – Eu nunca tinha presenciado nada parecido, papai estava irônico, preso a um rosto malévolo, parecia guardar um segredo, um segredo que humilhava mamãe. A mulher, que pálida ora de espanto, ora de raiva, viera virar-se rapidamente, estirar sua mão e a direcioná-la com toda sua força ao rosto do mau homem, que se pusera desprovido de mais palavras. Cheguei a me perguntar:
- Mas o que há de ser esse tal segredo? De que papai era culpado e por quê? E do que estão falando?
estou anciosa para saber o que vai acontecer no proximo capitulo.SHOW
ResponderExcluirCalam que o próximo tá chegando!!!
ResponderExcluirOs diálogos são bem reais e as sequências bem desenvolvidas. Parabéns! Você tem talento.
ResponderExcluirProfa. Fernanda Almeida
FAFIDAM/UECE