AS RELAÇÕES ENTRE RELIGIÃO E POLITICA NO BRASIL NOS
ARTIGOS DO PROF. MARCOS DINIZ (HISTÓRIA/FECLESC-UECE) NO DIÁRIO DO NORDESTE
Turismo
religioso
24.03.2013
A imprensa cearense noticiou recentemente, os discursos inflamados na
Assembleia Legislativa e o embate entre o Ministério Público Estadual (MPE) e o
Governo do Estado, sobre a construção de uma grande imagem de Nossa Senhora de
Fátima, no município do Crato, numa estrutura turístico-religiosa com verba da
Secretaria das Cidades orçada em R$ 946,8 mil. Argumenta o MPE que o
investimento fere os princípios constitucionais do Estado laico, que vedam
investimento em atividade religiosa.
Entre os defensores da obra, o deputado Ely Aguiar (PSDC) justifica a criação de novo polo de turismo religioso, inspirado no Juazeiro do padre Cícero e os enormes dividendos daquele município.
Porém, já considerando justa a intervenção do MPE, acrescento dois outros argumentos. Em primeiro lugar, o orçamento destinado às cidades deveria ser empregado prioritariamente em saneamento básico, abastecimento d´água, locomoção urbana, etc.
Não creio que o Crato tenha 100% de cobertura de rede esgotos e a população sabe de suas carências em qualidade de vida.
Aliás, nesse caso, a obra deveria ficar a cargo do Banco do Vaticano ou em parceria com a iniciativa privada. Por que não?
Em segundo lugar, além dos prováveis empregos gerados pelo turismo religioso, não se deve esquecer a rede política que cresce à sombra dos favores do Estado às religiões, rendendo promissoras carreiras políticas à custa do dinheiro público.
Pois, bancadas de católicos e evangélicos estão nos parlamentos brasileiros, das Câmaras Municipais ao Senado, prontas a aprovar com celeridade iniciativas de reforço às religiões como fator do desenvolvimento econômico nacional.
Marcos José Diniz Silva
historiador e professor da Uece
Entre os defensores da obra, o deputado Ely Aguiar (PSDC) justifica a criação de novo polo de turismo religioso, inspirado no Juazeiro do padre Cícero e os enormes dividendos daquele município.
Porém, já considerando justa a intervenção do MPE, acrescento dois outros argumentos. Em primeiro lugar, o orçamento destinado às cidades deveria ser empregado prioritariamente em saneamento básico, abastecimento d´água, locomoção urbana, etc.
Não creio que o Crato tenha 100% de cobertura de rede esgotos e a população sabe de suas carências em qualidade de vida.
Aliás, nesse caso, a obra deveria ficar a cargo do Banco do Vaticano ou em parceria com a iniciativa privada. Por que não?
Em segundo lugar, além dos prováveis empregos gerados pelo turismo religioso, não se deve esquecer a rede política que cresce à sombra dos favores do Estado às religiões, rendendo promissoras carreiras políticas à custa do dinheiro público.
Pois, bancadas de católicos e evangélicos estão nos parlamentos brasileiros, das Câmaras Municipais ao Senado, prontas a aprovar com celeridade iniciativas de reforço às religiões como fator do desenvolvimento econômico nacional.
Marcos José Diniz Silva
historiador e professor da Uece
Políticos
devotos
31.03.2013
É motivo de grande entusiasmo ver a celeridade e eficiência com que a
Câmara Municipal de Fortaleza vem trabalhando.
Pena que esse elogio não possa se estender às ações dos nossos dias para solucionar os graves problemas urbanos que enfrentamos diariamente e, menos ainda, com o quadro deprimente da qualidade do ensino público, segurança, saneamento básico, etc.
Pois bem. A eficiência foi mostrada na recente aprovação de projeto do presidente da Câmara Municipal, Walter Cavalcante (PMDB), que autoriza a veiculação de missas e cultos na TV Fortaleza e na rádio pertencentes àquela casa legislativa.
A eficiência, nesse caso, é exemplar. A proposta foi apresentada dia 15 de janeiro deste ano e aprovada já no dia 22 de março último, pouco mais de dois meses.
Foram muitos os protestos contra essa iniciativa que desvia a Câmara de seus reais e urgentes propósitos, servindo no terreno privado da fé, que já conta com seus muitos sacerdotes, templos e estruturas midiáticas.
E ainda atentam contra os preceitos constitucionais do Estado laico que vedam o favorecimento do Estado a qualquer culto religioso.
Apesar disso, apenas dois corajosos vereadores votaram contra. E ressalto a coragem, porque nos dias que correm a classe política encontra-se cada vez mais aliada aos grupos religiosos e à magnífica e eficiente máquina eleitoral daí decorrente.
Assim, mandatos legislativos têm surgido e se mantido à custa de plataformas inteiramente confessionais, a exemplo daqueles que promovem a construção de imagens religiosas em praças públicas e com dinheiro público.
Não estaria na hora de refletir seriamente sobre as atribuições dos vereadores?
Marcos José Diniz Silva
Historiador e professor da Uece
Pena que esse elogio não possa se estender às ações dos nossos dias para solucionar os graves problemas urbanos que enfrentamos diariamente e, menos ainda, com o quadro deprimente da qualidade do ensino público, segurança, saneamento básico, etc.
Pois bem. A eficiência foi mostrada na recente aprovação de projeto do presidente da Câmara Municipal, Walter Cavalcante (PMDB), que autoriza a veiculação de missas e cultos na TV Fortaleza e na rádio pertencentes àquela casa legislativa.
A eficiência, nesse caso, é exemplar. A proposta foi apresentada dia 15 de janeiro deste ano e aprovada já no dia 22 de março último, pouco mais de dois meses.
Foram muitos os protestos contra essa iniciativa que desvia a Câmara de seus reais e urgentes propósitos, servindo no terreno privado da fé, que já conta com seus muitos sacerdotes, templos e estruturas midiáticas.
E ainda atentam contra os preceitos constitucionais do Estado laico que vedam o favorecimento do Estado a qualquer culto religioso.
Apesar disso, apenas dois corajosos vereadores votaram contra. E ressalto a coragem, porque nos dias que correm a classe política encontra-se cada vez mais aliada aos grupos religiosos e à magnífica e eficiente máquina eleitoral daí decorrente.
Assim, mandatos legislativos têm surgido e se mantido à custa de plataformas inteiramente confessionais, a exemplo daqueles que promovem a construção de imagens religiosas em praças públicas e com dinheiro público.
Não estaria na hora de refletir seriamente sobre as atribuições dos vereadores?
Marcos José Diniz Silva
Historiador e professor da Uece
Gostei de ambos os artigos, mas realmente é lamentável que o dinheiro público ainda se estenda a esse tipo de turismo. E que também infelizmente políticos façam o favor de reforçar essa demanda de estátuas de santos e cultos religiosos que só favorecem a um ou dois grupos específicos. Onde fica a laicidade do Estado? Cadê o espaço p/as outras religiões? Na minha opinião não era p/ ter proteção p/ nenhuma e q cada qual tivesse realmente a liberdade de professar sua crença.Agora envolver o dinheiro do contribuinte p/ beneficiar uma ou duas religiões!!! Isso é um absurdo mesmo...
ResponderExcluirEstou c/ 02 anos que tento fazer um exame pelo SUS e não consigo, porque quando não tem médico, não tem a máquina, não tem ficha suficiente, tem que ir ao posto de saúde de madrugada p/ conseguir uma ficha p/ a tarde, etc... Em vez do governo gastar nosso dinheiro c/ estátuas de santos porque não gasta conosco, melhorando o atendimento, do Sistema Único de Saúde?
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