Marcos José Diniz Silva*
A filósofa Marília Fiorillo, em recente livro, citou o prêmio Nobel de Física, Steven Weinberg, quando este lembrava uma “genial obviedade”: ‘que gente boa costuma fazer o bem, gente má, cometer más ações, mas para que se consiga que pessoas de bem pratiquem atrocidades, só em nome da religião.’ Para ser honesto na conversa, é preciso informar que Weinberg é ateu. Mas, isso não desqualifica a reflexão.
Esse pensamento vem a propósito, quando presenciamos a acirrada campanha de perseguição religiosa, especialmente nas redes sociais, à novela Salve Jorge, da Rede Globo, sob comando de certas igrejas e pastores evangélicos. Argumentam que o nome Jorge, diria respeito a São Jorge, cultuado como orixá Ogum, na umbanda e no candomblé. Ora, há ou não há liberdade de expressão e liberdade religiosa no Brasil? Por que certos grupos religiosos têm que condenar publicamente uma novela por trazer ou insinuar símbolos ou nomes de entidades religiosas, sem qualquer elemento de prejuízo aos adeptos das outras religiões?
Sabemos o quanto foi freqüente, em nossa história, a prática da intolerância com as religiões dos afro-descendentes, indígenas, adeptos do espiritismo e do próprio protestantismo, pois, numa leitura sociológica, as religiões são empresas de salvação que, com seus sacerdotes, disputam o monopólio da conversão das almas.
Porém, as atuais campanhas de intolerância devem ser combatidas em respeito à Constituição. O extravasamento social e midiático da crítica e combate às crenças alheias caracteriza situação de perigo ao pluralismo, à cidadania e ao futuro de uma sociedade democrática.
(*) Historiador. Professor da UECE.
Disponível em: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1202460
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