12 de abr. de 2011

Em defesa da profissão docente


Em meu artigo anterior, recordo-me de ter criticado a alguns professores de Cursos de Licenciatura, como são os que funcionam em nossa FECLESC, por depreciarem de forma até mesmo dura a profissão de professor, usando como argumento a “preocupação” de nos alertar para a “realidade da prática docente”. Neste artigo pretendo explicitar alguns de meus contra-argumentos a respeito da opinião de tais professores.
Em primeiro lugar, gostaria de deixar bem claro que sei muito bem das injustiças e até mesmo barbaridades que acontecem na profissão docente, principalmente no âmbito da Educação Básica. Leio e vejo quase todos os dias em jornais, revistas e outros meios de comunicação que professores são xingados, agredidos, pressionados psicologicamente e até mesmo mortos pelo Brasil afora. Isso sem falarmos na desvalorização salarial gritante, na rotina altamente cansativa e no trabalho excessivo. Porém, sou otimista o suficiente para perceber que na carreira do magistério nem tudo são desgraças e demérito.
Quando escolhi esta carreira, muitos fatores pesaram a favor, em contraposição aos inúmeros fatores negativos. Minha família, a princípio, não gostou muito da ideia, mas decidi não escutá-la e afirmar minha decisão baseada em fatos que eu mesmo constatei. Para começar, a profissão de professor tem alto índice de empregabilidade, e este é um dos fatores, acredito, que faz com que a remuneração de um professor não seja tão alta. Reparemos que, por exemplo, uma Universidade como a UECE, atualmente, conta mais de mil professores em seu quadro docente, entre efetivos e substitutos (dados fornecidos pela própria PROGRAD). Não dá, em termos orçamentários, para uma Universidade ou Escola que seja pagar a um professor o mesmo que se paga para um Juiz Federal. E o motivo é simples: precisa-se muito mais de professores do que de juízes, e precisa-se dos primeiros em grandes quantidades. Como é necessária muita mão de obra docente para dar conta de um grande corpo discente, a única solução é pagar um pouco a cada um. Claro, esta que não é a solução ideal, nem quero que esta minha reflexão sirva como conformismo, mas apenas para que possamos pensar melhor antes de dizer que o “professor nunca terá sucesso profissional/financeiro simplesmente porque ninguém lhe dá valor”, como já ouvi da boca de determinados professores da FECLESC. A propósito disso, vocês lembram do último Edital de Concurso Público da Prefeitura de Quixadá, a pouco mais de um ano? Lembro-lhes de que o salário que estava sendo oferecido ao Dentista era menor que o oferecido ao Professor de Educação Básica, pela mesma carga horária semanal de trabalho. Oferecia-se, aproximadamente, R$ 1.375,00 àquele e R$ 1.400 a este. Viram? Nem sempre o professor ganha menos que todo mundo.
Outra coisa: como disse no parágrafo anterior, a profissão de professor tem alto índice de empregabilidade. No último Concurso para Professor Pleno do Governo do Estado do Ceará (mesmo com todas as polêmicas e contradições) estavam sendo oferecidas em todo o Estado, para todas as disciplinas, um total de 4.000 vagas. São muitas vagas, gente. Vocês já viram algum concurso público oferecer 4.000 vagas para dentistas ou enfermeiros ou arquitetos ou engenheiros ou advogados/defensores públicos ou médicos de uma só vez? Eu acredito que não, porque nestas outras áreas é mais difícil conseguir um emprego público, obtido por meio de um concurso sério que lhe dê estabilidade. Isto é um fato.
Conheço pessoas que terminaram graduações em Biomedicina ou Farmácia ou Enfermagem ou Administração ou Direito que estão DESEMPREGADAS. Vocês hão de convir que é bem mais difícil você terminar um Licenciatura e ficar sem emprego, porque a demanda nas escolas é muito grande e elas contratam o tempo todo. Façam uma seleção da CREDE. Não demorará muito para serem convocados a assumir uma sala de aula. Pode ser a sala de aula de uma favela, mas será sempre uma sala de aula, um emprego, afinal de contas. Não são poucos os que concluem os cursos acima citados, muitas vezes pagos em faculdades caríssimas, e ficam ou sem emprego ou tentando angariar até mesmo uma sala de aula para poderem ganhar algum dinheiro, o que é um grande absurdo porque tais pessoas não são LICENCIADAS à docência.
Sabe o que eu acho, afinal de contas? Eu acho que o que mais falta ao professor ou estudante de Licenciatura é autoestima. Isso mesmo! Falta amor-próprio e respeito por si mesmo. O que falta é nós não admitirmos de boca calada que qualquer um entre na sala de aula e se autodenomine ‘professor’. Por favor, não permitam que alguém os menosprezem pelo curso de Licenciatura que fazem ou pela profissão que irão exercer. Lembrem às pessoas desinformadas que o Professor é o mais essencial dos profissionais. Sei que é um clichê, mas qual profissional não passou pela mão do professor? Nenhum deles. E mais: acreditem no futuro de vocês, tenham a ousadia de dizer que podem, mesmo quando todos dizem o contrário. Para viver é necessário transcender a própria vida. E esta é, inclusive, uma das razões da existência da arte. E educar é a mais bela de todas, bem como a mais difícil. Orgulhem-se disto.
Autor: FRANCISCO ELTON MARTINS DE SOUZA
              Estudante do Curso de Letras-Língua Portuguesa / Licenciatura da FECLESC / UECE                   Leia o artigo anterior

Um comentário:

  1. Teve uma parte aí que vc falou em autoestima. Mas acho que vc falou mais para vc mesmo do que pros outros, não? Deveríamos focar mais o nosso ponto de vista nas coisas boas, no lado bom. Esta instituição tem excelentes professores, o seu verdadeiro patrimônio. Desconheço qualquer professor que tenha tido uma postura condenável ao longo dos 7 anos que frequentei esta instituição. Ao contrário, tive verdadeiros modelos de comportamento ético, humano, pessoas que me ensinaram até sobre o perdão e a não olhar o passado. Esta faculdade forma mais do que professores mas sim, melhores cidadãos.

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