Elogio à violência - Marcos José Diniz Silva
Pode parecer pura diversão, esporte, mas essa onda de popularização de lutas como "MMA" e "UFC" traz consigo algo muito grave. No momento em que nos deparamos com alarmantes índices de violência em assaltos, assassinatos, homofobia, agressões a professores, a mídia, sobretudo a TV, tem propagandeado esses espetáculos de pancadaria como o mais novo lazer do povo.
Argumentam seus adeptos e investidores que se trata de esporte o que se pratica nos octógonos. No entanto, a transmissão desse tipo de evento na TV aberta, cinemas, em formato reality show e até em estádios de futebol tem banalizado mais a violência. O quadro é preocupante, pois a moda dos combates, da "porrada", onde praticamente "vale tudo", só vem legitimar a violência disfarçada em esporte entre os jovens e, agora, entre as mulheres.
Há poucos dias, certa rede de TV divulgou o uso dessas lutas entre idosos como excelente para manter a saúde, mostrando vovós a gritarem emocionadas "porrada", "quebra a cara dela". Onde vamos parar? Sabemos da liberdade de imprensa. Mas acima de tudo é preciso bom senso.
Não estamos veiculando a moda da "porrada" como algo natural, divertido, emocionante? Que emoção alguém pode ter em ver a cara de alguém destruída, uma perna com fratura exposta? Não estamos alimentando o instinto violento em nossa sociedade, justamente quando sofremos com as violências cotidianas? Não será isso a apologia da violência mascarada de entretenimento esportivo?
Marcos José Diniz Silva. Historiador. Prof. Dr. do Curso de Historia da FECLESC-UECE, Campus Quixadá-Ce.
*Artigo veiculado, originalmente, no jornal Diário do Nordeste e reproduzido na Agência da Boa Notícia com autorização do autor.
Sou de uma linha contrária do prof Diniz. Passei a acompanhar recentemente o MMA. Penso que o esporte sofre mais com os males da sociedade do que por seu estilo.
ResponderExcluirQuando posso acompanho lutas antigas do começo do UFC (onde se lutava SEM LUVAS) e do extinto PRIDE, que tinha regras muito mais frágeis do que as atuais, onde se permitia Chute com lutador caído no chão, golpes com as pontas dos cotovelos, enfim... A proteção (regras) ao lutador no MMA atual é muito maior.
A sensibilidade do mundo contemporâneo, que afastou o medo das doenças e até a relação do ser humano com a morte (como diria Pheliphe Àries, condiciona muitas opiniões. Na Roma Antiga era comum lutas entre gladiadores para entretenimento do público que, de forma geral, não achava nenhuma "barbaridade naquilo...
Todavia, reconheço que não são todas as pessoas que estão preparadas para ver um espetáculo, por vezes sangrento em um octógono!
Este esporte já foi bem mais perigoso. É um debate que vem aumentando em paralelo com a popularização do esporte. É um assunto delicado a se tratar e é bom que este debate seja difundido mesmo.
ResponderExcluirTodavia, pesquisas mostraram que o Futebol Americano (esporte mais popular nos Estados Unidos)causam mais lesões nos atletas do que as lutas de MMA no UFC.
Eu vi e gostei. Claro que existem momentos que não são agradáveis aos olhos. Mas existem regras! (Na guerra também existe replicaria o crítico contrário). Todavia, confesso que também tenho medo de como esse esporte pode ser assimilado pelo público em geral.